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40º Congresso Brasileiro de Manutenção e Gestão de Ativos: Tecnologia e Confiabilidade

  • Foto do escritor: Leonardo Borges
    Leonardo Borges
  • 9 de out.
  • 5 min de leitura
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Entre os dias 30 de setembro e 2 de outubro de 2025, o Rio de Janeiro foi o epicentro do 40.º Congresso Brasileiro de Manutenção e Gestão de Ativos (CBMGA) e da Expoman, realizados no renomado centro de convenções Riocentro. Durante três intensas jornadas, o evento reuniu especialistas, líderes e profissionais de manutenção, confiabilidade e engenharia de ativos de todo o Brasil e de diversos países latino-americanos, consolidando-se como o encontro mais relevante do setor na região. Com quatro décadas de história, é, na minha perspectiva, o congresso mais imponente e inovador da América Latina. Deixo aqui alguns aspectos interessantes desta edição.

Detecção de Anomalias

As soluções de detecção de anomalias apresentadas no congresso evidenciaram um alto grau de maturidade tecnológica e adaptação às necessidades atuais da indústria. A Dynamox ES, em particular, destacou-se pela amplitude e sofisticação do seu estande, onde exibiu sensores de última geração e aplicações que integram inteligência artificial avançada com regras de processo específicas e análise de históricos de falhas.

A principal evolução está no salto dos sistemas tradicionais — focados apenas na geração de alertas por parâmetros isolados como vibração ou temperatura — para plataformas capazes de realizar diagnósticos multivariáveis. Essas novas soluções processam simultaneamente diversos indicadores de condição e contexto operacional, permitindo identificar padrões complexos e inter-relações entre variáveis antes despercebidas.

Além disso, a integração de modelos preditivos com bases de dados históricos e protocolos específicos de cada ativo tornou as recomendações muito mais precisas e acionáveis. Já não se trata apenas de notificar uma anomalia, mas de orientar a equipe de manutenção sobre quem deve intervir, em que momento específico e com qual procedimento padronizado, otimizando os recursos e reduzindo tanto o risco de falha quanto os tempos de parada não planejada.

Sensores mais inteligentes, robustos e conectados

Houve também um avanço significativo nas tecnologias de instrumentação e sensorização industrial. Os novos dispositivos apresentados não apenas incorporam funções de autocalibração automática, que garantem medições precisas e consistentes ao longo do tempo, mas também evoluíram em robustez e confiabilidade operacional. Esses sensores foram projetados para suportar condições ambientais adversas — como vibrações intensas, temperaturas extremas ou atmosferas corrosivas — ampliando sua aplicabilidade em setores exigentes como mineração, siderurgia e energia.

No campo da conectividade, destacou-se a integração de protocolos industriais mais seguros e flexíveis (como OPC UA, MQTT ou protocolos sem fio criptografados), que facilitam a interoperabilidade com plataformas de gestão de ativos (EAM) e sistemas SCADA. A incorporação de gateways edge com capacidade de inferência local representa um salto qualitativo: esses dispositivos podem pré-processar dados em tempo real, próximos ao ativo, aplicando algoritmos de análise ou detecção de anomalias antes de enviar apenas a informação relevante para a nuvem. Isso reduz significativamente a latência e os custos de transmissão massiva de dados, otimizando o uso da banda e aumentando a eficiência global do sistema.

Plataformas de confiabilidade mais completas (do “Dado” à “Informação”)

Também se observou uma evolução nas plataformas de confiabilidade, que agora abrangem todo o ciclo de gestão do ativo — desde a captura do dado até a tomada de decisões estratégicas. Os estandes e palestras evidenciaram a integração nativa com sistemas EAM, permitindo uma sincronização fluida entre o monitoramento em tempo real e a gestão operacional. Isso facilita a automação de ordens de serviço, o acompanhamento das intervenções e a rastreabilidade das ações corretivas, aumentando a eficiência do processo de manutenção.

Um ponto de destaque é a gestão de estratégias por classe de ativo, que possibilita adaptar os planos de manutenção conforme a criticidade, o risco e o custo associado a cada equipamento. Painéis avançados de visualização conectam esses três eixos (risco, criticidade e custo) em tempo real, proporcionando aos gestores de planta uma visão integral e priorizada, que facilita a tomada de decisões informada e alinhada aos objetivos de negócio.

O lema “da predição à intervenção” ganhou força, ressaltando a necessidade de ir além da simples antecipação de falhas. As plataformas atuais orquestram de forma inteligente os recursos humanos, materiais e as janelas operacionais, assegurando que as intervenções sejam realizadas no momento certo e com procedimentos padronizados. O resultado é a otimização dos recursos, redução dos tempos de parada e melhora significativa na confiabilidade e disponibilidade dos ativos.

Por fim, a integração de capacidades analíticas avançadas e modelos preditivos, somada à conexão com bases de dados históricos e ao aprendizado de máquina, reforça o caráter proativo dessas plataformas. A tomada de decisões orientada por dados, a adaptabilidade dos sistemas e a interoperabilidade com outras soluções tecnológicas posicionam essas plataformas como peças-chave na transformação digital da gestão de ativos industriais.

Interoperabilidade e Ecossistema

A interoperabilidade consolidou-se como um dos principais eixos estratégicos do congresso, refletindo a necessidade crescente de integrar sistemas, plataformas e dispositivos de diferentes gerações e fornecedores. Nesse sentido, destacou-se o avanço para APIs abertas e padronizadas, que permitem uma comunicação fluida entre soluções modernas e sistemas legados, facilitando a migração progressiva e reduzindo os riscos da obsolescência tecnológica. Conectores pré-configurados para as principais plataformas EAM, SCADA e ERPs aceleram a integração, minimizando prazos de implementação e antecipando o time-to-value dos projetos de digitalização industrial.

A padronização de modelos de dados e ontologias industriais também foi um tema recorrente, pois possibilita a unificação da informação e a rastreabilidade dos ativos ao longo de todo o seu ciclo de vida. Essa normalização não apenas facilita o intercâmbio seguro de dados entre aplicações, mas também impulsiona a análise avançada e o desenvolvimento de soluções de inteligência artificial interoperáveis, capazes de aprender e se adaptar a partir de múltiplas fontes de informação.

Tendências

  • Edge + Cloud para PdM: gateways que executam modelos próximos ao ativo e sincronizam com a nuvem apenas features ou insights relevantes.

  • Manutenção prescritiva: recomendações de intervenção (quem, quando, como) integradas ao plano e à programação, fechando a lacuna entre analytics e o chão de fábrica.

  • Cibersegurança OT: maior endurecimento de dispositivos, gestão de credenciais e segmentação de rede em ambientes industriais.

  • Experiências orientadas ao técnico: interfaces simples, mobile-first e focadas em tarefas, aumentando a adoção em campo.


Um nível de palestras profundo, aplicado e diverso

O congresso manteve sua tradição de conteúdo técnico robusto, com palestras e painéis que combinaram método, dados e resultados operacionais. A agenda abrangeu desde conferências magnas até sessões práticas, onde especialistas compartilharam metodologias inovadoras para gestão de ativos, otimização de processos e integração de tecnologias emergentes em ambientes industriais. Os participantes puderam mergulhar em análises de casos reais, que demonstraram o impacto tangível da digitalização e da manutenção preditiva em setores como energia, óleo & gás, mineração, papel e celulose, siderurgia e saneamento.

A diversidade setorial ficou evidente na variedade de desafios tratados, que incluíram desde o monitoramento em tempo real de ativos críticos até a implementação de sistemas avançados de gestão de manutenção EAM, passando pela migração de sistemas legados e pela adoção de novas arquiteturas Edge + Cloud. Foram apresentados resultados mensuráveis em termos de aumento da disponibilidade, redução de custos operacionais e fortalecimento da segurança industrial, destacando a evolução “antes e depois” em projetos de monitoramento online e a transformação de processos para capturar eficiências.

Síntese

Em resumo, a semana da ABRAMAN confirmou o avanço para uma manutenção cada vez mais data-driven, prescritiva e integrada. Houve novas tecnologias, sim; mas o grande destaque foi ver processos, pessoas e decisão no centro, exatamente onde acontece a confiabilidade.


 
 
 

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